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PARIS À MEIA LUZ


PARIS À MEIA LUZ

Estou com vontade de falar de Paris. Talvez para enganar o choque da barbárie que partiu seu coração, deixando-me atordoada e o mundo em choque. Que cidade única! Mesmo à noite parece dia. Suas avenidas largas nos levam a caminhar horas sem nos cansarmos, ante a beleza que se descortina a nossa frente. Cortada pelo Rio Sena com suas pontes belíssimas, esculpidas e adornadas de dourado, reluzindo a beleza que lhe é peculiar, onde deslizam os barcos do Bateau Mouche num passeio inesquecível por suas águas calmas, a cidade reluz em beleza de requintada arquitetura. Seu animado e boêmio bairro, reduto de artistas, Montmartre, onde resplandece imponente a igreja Sacré Coeur lá no ponto alto onde a cidade beija-lhe os pés e a noite é uma grandiosa festa. A sua Torre Eiffel, iluminada e reluzente nos leva a uma paixão quase inexplicável, por essa terra marcada de lutas e de glórias, símbolo de uma cidade e de um povo que conquistou o direito à liberdade de viver. Que o mostre seu Arco do Triunfo.

O Moulin Rouge, conhecido como o primeiro cabaré da Europa, casa de espetáculos maravilhosos com artistas cantores e bailarinos de grande beleza plástica e de altíssimo nível. O Bataclan é uma linda casa de shows, de estilo chinês na sua arquitetura, que tem seu nome numa homenagem a uma opereta de Jacques Offenbach. Ali centenas de pessoas divertem-se, inclusive muitos jovens. Os barzinhos com suas mesas nas calçadas, onde nos sentamos para apreciar a beleza da vida e da cidade, que cheia de encantos, nos rodeia. Ah, Paris, teus belos recantos são tantos, que fica difícil enumerá-los. Existes para seres amada e admirada sem nos cansarmos. És tu, deveras, a cidade luz!

De repente, te transformas. Choras a tua dor tamanha e o mundo chora contigo. Teus jardins cobriram-se de vermelho do sangue que lavaram as tuas calçadas. Teu coração sangrou. Tantos se encantaram com a dor de irem-se precocemente. Os céus gritam horrores, incrédulos e surpreendidos com tamanha tragédia. Querem matar um direito que todos da terra temos, e que uns poucos acham que podem mudar o que é sagrado, em nome de um Deus que deveria ser de amor.

Quem diria... A França “protegeu” a Síria, até meados da segunda guerra mundial, e é atacada por quem lhe haveria de ser grato. Hoje os filhos de lá, tiram a vida dos seus filhos, sem razão e sem por quês. As festas, eles acabaram, derramando sangue. A tua torre está às escuras. O teu povo sofrendo e o teu solo encharcado do sangue dos teus próprios filhos. Tudo emudeceu. Não há palavras para expressar tamanha dor.

Agora, Paris, cidade que a todos encanta, tu estás à meia luz, encoberta pela névoa de dor e pelas lágrimas de sangue que choram os teus olhos. Assim como estão sangrando os olhos do mundo... Até quando?

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