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A GRANDEZA DA HUMILDADE


A grandeza da Humildade

Nunca me dou por satisfeita. Sempre quero mais de mim mesma, da vida, só não sou de pedir muito aos outros. Ah! Maldito orgulho que não me faz ter essa humildade. Às vezes acho que me basto. Serei onipotente? Não. É orgulho misturado com o receio do não. Escondo-me nos véus que não permitem ver a minha alma. Ela triturada por dores tantas, se protege do pedir. Angústia de querer vencer preconceitos que me acompanham a vida inteira. A minha guerra é interior. O meu orgulho faz-me ter coragem. Tenho, porém, a certeza que não posso carregar o mundo nas costas. Nem mesmo o meu mundo. Esse que criei e recrio a cada amanhecer do sol. Esse mundo tão contraditório e que me esforço para entender.


Guardo-me nos desejos que tenho. Faço-me calmaria quando as tempestades me ameaçam. Dou-me inteira, porque de metades já basta. Busco dentro de mim todas as respostas que a vida me faz. Por vezes encontro, noutras me engano, é normal. Mas vou caminhando por essa estrada e tento plantar flores por meio das pedras. Quero colhê-las num dia qualquer. Pergunto-me: - a quem interessa a minha narrativa, as minhas palavras entrecortadas de recordações e de vivências tantas, que fazem da minha alma um livro de múltiplas histórias? Chego a conformar-me com ausências, mesmo as mais doridas. Antevejo futuros risonhos para os anseios que me atrevo a ter. Sou uma sonhadora que não se cansa de sonhar. De querer. Tenho a humildade de saber-me pequeníssimo grão de areia, que por vezes, brilha por conta de um fino raio de sol que adentra as frestas de mim mesma. E sigo assim vagabundeando o tempo até chegar à colheita esperada.


Lembro de Lao-Tsé que foi um importante filósofo da China antiga. Conhecido como o autor do, Tao Te Ching, a obra basilar da filosofia taoísta. Foi um gigante da sabedoria, mas tinha consigo a doce humildade de não querer ser mais que ninguém. Suas sábias palavras deveriam servir como lição a todos nós, pobres mortais.

“Seja humilde, e permanecerás íntegro. / Curva-te, e permanecerás ereto. / Esvazia-te, e permanecerás repleto. / Gasta-te, e permanecerás novo”.

E continuando, começo a acreditar que nunca me acovardarei diante das minhas certezas, sobretudo de algumas incertezas que antevejo. Sou incapaz de defender-me das minhas próprias emoções. Nem quero mesmo defender-me, pois tudo que é indefinido tem mais força e carrega as nossas marcas.

“O sábio não se exibe, e por isso brilha. / Ele não se faz notar, e por isso é notado. / Ele não se elogia, e por isso tem mérito. / E, porque não está competindo, ninguém no mundo pode competir com ele”.


Há barulhos interiores que extrapolam a alma. A vida se encarregou de usurpar alguns sentimentos. Um estado letárgico me invade. Indefinível. Olho-me no espelho do tempo e não me envergonho de ser eu. Estou em paz. Embriagada pelo individualismo e pela insensata altivez, a humanidade caminha. Não se sabe para onde. Falta-lhe a grandeza da humildade.

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